quinta-feira, 26 de abril de 2012

Interações eletrônicas (comunicação) com afetividade são possíveis?


Na minha jornada profissional sempre lidei com pessoas e com as tecnologias da informação e da comunicação como mediadora para auxiliar nas interações. Atualmente estou em um modelo de trabalho onde a presença física passou a ser minoritária. Nessa transição notei que a “leveza” na comunicação eletrônica sem o contato físico regular diminuiu a “suavidade” nas palavras. Em se tratando de comunicação por e-mail é preciso respirar antes de responder. É claro que deve prevalecer o profissionalismo sempre.

Depois desse breve contexto questiono-me como a afetividade pode ser construída em situações onde a pouca ou nenhuma interação física (salas de bate papo, redes sociais, etc). Primeiramente vamos definir e delimitar um conceito de afetividade.

Segundo Merleau-Ponty (1994) a princípio os fatores envolvidos na afetividade (estados afetivos, prazeres e dores fechados em si mesmo) não tem ligação compreensível e só é esclarecida por um esquema organizacional corporal. O raciocínio merleau-pontiano vai além da sexualidade e da relação atrativa entre os corpos. De acordo com o mesmo nas relações amorosas a percepção do corpo alheio é acompanhada de consciência. Esse reconhecimento da consciência determina um ato como meramente sexual ou não sexual. O amor pode transcende o corpo e atingir a subjetividade alheia esse é o fenômeno da intersubjetividade.

Seguindo agora um raciocínio próprio mesmo que seja transcendido do corpo para a consciência, ainda sim precisa do corpo como fase inicial da subjetividade. Voltando ao contexto exposto acima, questiono-me e quando não existe o corpo como poderemos criar a afetividade?

Para ajudar a responder recorrerei agora a Luijpen, onde o mesmo diz que o amor vai além do simples encontro e a sua realização se faz a partir do apelo mútuo a subjetividade. O apelo se faz contido em uma palavra, em um gesto, no olhar, em um pedido, etc.

A manifestação de si e do outro (manifestar e reconhecer a consciência e os aspectos subjetivos tanto quando próprio e do outro) pode então ocorrer sem que inicialmente haja a presença do corpo. O uso das palavras (apelo) seja em comunicados ou e-mails pode criar e sustentar uma ligação afetiva com os envolvidos quando cultivada a intersubjetividade. A presença síncrona ou assíncrona (outra forma de apelo sendo ao vivo ou gravada) pode reforçar a necessidade de “contato” para criar laços de empatia.

Cabe aos profissionais que usam a comunicação atentar-se para esses detalhes e não somente disparar palavras digitadas sem emoção ou sensibilidade. É preciso que haja respeito na interação com o outro independente de estar “face a face”. Essa abordagem adiciona valor ao atendimento indiferente da via de comunicação.

Convido vocês a aprofundarem o raciocino nos artigos "A Comunicação e os Neurônios Espelho" e “Ser afetivo e profissional – Qual oponto de equilíbrio?”.

Fonte:

LUIJPEN, Wilhelmus Antonius Maria. Introdução à fenomenologia existencial. Tradução de Carlos Lopes de Mattos. São Paulo: EPU/EDUSP, 1973.

PONTY, Maurice Merleau. Fenomenologia da Percepção. Livraria Martins Fontes Editora LTDA. São Paulo, 1994.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

As dificuldades de manter a atenção e os benefícios de cultivá-la


O que acontece quando estamos atentos? Quais são seus mecanismos? Quais são os limites da atenção? Qual é o benefício de ter uma boa atenção? De posse dessas informações é possível elevar o nosso desempenho e como gestor de pessoas ou processos planejar melhor o ambiente e as tarefas dos nossos colaboradores.

Segundo ROCK (2009) quanto estamos atentos ocorre um tipo de sincronia onde diferentes neurônios são ativados de modo similar ao mesmo tempo. Os mapas mentais trabalham juntos formando um padrão que envolve todo o cérebro. A sincronia neural integra módulos no cérebro, possibilitando assim o foco ideal. Um dos itens interessantes do mecanismo da atenção é que sua frequência elétrica (Gamma) é a mesma do insight.
O limite da atenção (dispersão) é atingido quando o cérebro tem muita atividade (conversa, e-mail, telefone, celular, skype, msn, etc.). O foco ideal nesta situação não é possível, pois areas diferentes não estão trabalhando de forma convergente. 

Os benéficos de se ter uma atenção focada é que o cérebro fica conectado em um grande circuito para executar uma tarefa específica. A atenção ativa muda a forma como o cérebro funciona, isso é chamado de neuroplasticidade. Pequenas mudanças na atenção já alteram o cérebro segundo exames. Mudanças em larga escala são construídas através de escolhas para a vida toda. Neste processo quando o diretor (atenção focada nos processos cerebrais) está em ação o “rearranjo” cerebral é mais efetivo, tornando a mudança de longo termo. O diretor ajuda a tornar a neuroplasticidade autodirigida.

A partir dessas informações você pode refletir sobre a maneira como está trabalhando e gerir melhor seus processos e colaboradores. Atinja uma produtividade cada vez mais eficiente corrigindo e melhorando a atenção, isso faz toda a diferença!



A direção correta é tudo, não existe objetivo fora do caminho!



Convido vocês a continuarem a leitura nos artigos “Tudo “Junto e Separado”” onde abordo algumas interferências no ambiente de trabalho e o artigo “O que? Quem? Distrações e De$empenho” onde você pode encontrar algumas maneiras de combater a distração no ambiente empresarial.


Fonte: 

ROCK, David. Your Brain at Work.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Forças de trabalho, educação e gestão estratégica – interdependência transformadora.

As transformações sociais, tecnológicas e econômicas alteram as relações de trabalho, cada período possui suas características. Em uma etapa passada poderia ser necessário somente o ensino médio (técnico), depois passou a ser exigido curso superior, logo após pós-graduação ou mestrado. O comportamento do colaborador também mudou perante a empresa e a organização também mudou a sua maneira de agir, antes eram só empregados agora são colaboradores, parceiros, acionistas etc.

Como pode ser caracterizado o nosso contexto? Existe predominância de uma geração? Ou será que temos que equilibrar gerações diferentes?

As escolas e ou faculdades formam um profissional com um perfil coerente as novas configurações, estas são em sua maioria determinada pela necessidade de mercado. Será que as organizações estão cientes dessas mudanças ou a sua liderança e o seu quadro de colaboradores gerou uma cultura estagnada? Essas organizações estão sendo surpreendidas com novos trabalhadores? Será que elas saber aproveitar o seu potencial por completo? Deveriam!

Entender a inter-relação entre esses fatores (mercado, força de trabalho e educação) proporciona ao gestor de nível estratégico a possibilidade de adaptar-se e ou antecipar-se as tendências. Essa vantagem competitiva possibilita ao gestor planejar melhor seu recrutamento, seleção, estilo de liderança e estratégias de motivação de seus colaboradores.

A partir desse artigo iniciarei uma análise sobre essas estratégias em diversos cenários. Obrigado pela leitura.